Sonhador... Só com o Steve Jobs isso é bom


Antes de mais nada, esse post eu redigi logo no dia 
seguinte a morte de Steve Jobs e mesmo assim é
relacionado a anime e manga (o post, não Steve Jobs...
ou melhor, não diretamente... ah... sei lá).

De fato, ele era um dos raros gênios reais, e fazia jus aos
vários adjetivos dados a ele pela mídia esses dias.

Mas isso me fez pensar algo... as palavras “sonhador” e
A Gainax era um bando de "sonhadores" hoje são
um dos melhores estudios de animes e mangas...
mas eu botei essa imagem só porque ficaria feio
um texto sem imagens nem nada!

“visionário” atribuídas a ele.

No caso dele são totalmente positivas, ou de forma mais simples... são elogios. Mas voltando ao mundo real, vemos outra coisa... ser sonhador como sinônimo de infantil, vagabundo,  desocupado e irresponsável... e visionário como idiota, estranho e pouco confiável...

Exagerado? Absolutamente não. Falo por experiência própria e até agora como professor de manga, mangaka e ilustrador, vejo meus alunos e colegas passando por isso. Alguns, realmente geniais (alguns até auto proclamados gênios) mas que ao chegarem as portas da faculdade, rumam pra longe da área artística, indo em direção a um emprego “normal e sério” e uma vida Simpsoniana (Homer ou Flanders, você escolhe!).

Soa ridídulo ouvir a exaltação de Jobs num mundo onde sufoca-se milhares ou milhões de outros “sonhadores visionários”. E em especial aqui no Brasil, onde, além do anti-Jobismo, se criou a cultura do curso e a ditadura dos certificados, onde a única forma de você aprender alguma habilidade é através de um curso de especialização e a única forma de comprovar sua “capacidade” é através de um diploma ou certificado (de preferência aprovado pelo MEC ou outra instituição que nada sabe sobre o assunto).

Se, caro leitor, acha que estou exagerando, façamos um “teste Jobs”... se esta na faculdade ou semelhante, fale para seus pais “vou parar a faculdade e fazer um curso de caligrafia”. Caso seus pais não surtem gritando “Vai trabalhar seu vagabundo” ou “Você é louco? vai jogar sua vida no lixo pra fazer caligrafia????” passe para parte seguinte, dizendo “acho que seguindo a caligrafia vou fazer uma engenhoca que vai revolucionar o mundo!”... Digamos que após essa você passaria uma looooonga noite conversando com seus pais, que incluiria “Filho, nós só estamos preocupados com seu futuro”, “é hora de parar de sonhar encarar a vida real”, “termine pelo menos a faculdade e depois vamos pensar nisso, ok?” e considerações de fazer outro curso de facu mais voltado pra área, mas mais normal (como arquitetura pra fazer manga, pois vocês sabem que como os dois tem desenho, são a mesma coisa... estou sendo sarcástico) ou até ir estudar no exterior... ou querem te internar em uma clínica pra drogados.

Lembre-se também que a explicação “Steve Jobs (ou outro gênio) fez isso e se deu bem!” sempre virá com a resposta “mas você não é Steve Jobs (ou outro gênio), isso funcionou com com ele”, então não se frustre tentando usar essa explicação.

O pior pensamento, no entanto vem quando lembro que existem alguns raros casos de “sonhadores” que recebem apoio da família e sociedade... Os apostadores de loteria e afins, os jogadores de futebol e os que tentam ir ao Big Brother ou afins...Estes não são incomodados ao fazerem suas fézinhas, ou quando o craque chuta pênalti e quebra a janela do terceiro andar (pois a culpa é da bola nova que os pais deram) ou quando o cara incomoda a vizinhança toda ao gravar seu vídeo sobre macaquices pra mandar pra TV... nesse caso até o contrário, a família inteira se mobiliza para ajudar a montar o vídeo e mostrar ao mundo quão idiota ou periguete é a mina ou cara!

Então, pensemos... se você ainda é o lado Jobs dessa peça de teatro, não direi, siga seus sonhos que eles se realizarão, pois de fato NÓS não somos Steve Jobs, mas se tem confiança, tente, pois talvez nós não sejamos gênios ou revolucionemos o mundo, mas chegarmos a um terço de Jobs, já nos torna bem sucedidos... e pra isso só é necessário dedicação e trabalho.

Se no entanto, você é o lado “pais”, imagino quão dura seja a situação, um futuro seguro e sólido sendo trocado por sonhos e ideias vagas... A vós digo, antes de mais nada, saibam ver a diferença entre ideais excêntricos e vagabundagem, pois seus filhos podem realmente serem artistas... E também digo, nem o “futuro sólido” é tão sólido e nem as “ideias vagas” são tão vagas. O risco ao apostar na genialidade ou qualidade artística é alto se você não tiver um Q.I. (quem indica), mas também não é o fundo do poço... e, da mesma forma, um curso de medicina ou direito ou uma carreira executiva, pode simplesmente ser um fiasco se a pessoa não os fizer direito ou fizer por pura pressão.

Já se você for do lado “sou muito novo (ou velho) pra pensar nisso”, se for novo, já dê uma pensada pois a hora de decidir vai chegar ou, se for velho, diria dê uma pensada e reflita se o que fez em sua vida (quer seja, carreira segura ou Steve Jobiana) realmente valeu a pena e fale disso aos pais e filhos que passam por esse dilema!

Para encerrar, um pensamento próprio meu (e não de Steve Jobs) onde talvez a grande qualidade dele (agora sim Steve Jobs) não seja a genialidade ou visão, mas talvez o fato dele ter continuado seu sonho independentemente do que diziam seus pais, amigos ou sociedade. Não é nada fácil e a chance de fracasso é grande... mas isso que torna Steve Jobs notável... e como eu já estou de saco cheio de Steve Jobs (por mais notável e genial que seja), paro por aqui dizendo... sonhem e façam minha aula!

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